Por Felipe Pagano
Se os ciclos econômicos ensinam algo a quem está no mercado há mais tempo, é que nenhuma maré alta dura para sempre, e nenhuma baixa vem sem oportunidades. Em 2025, esse raciocínio voltou ao centro das decisões de quem administra capital com método.
Com os juros em patamar elevado, inflação fora de controle e uma reorganização geopolítica que exige cautela, o investidor brasileiro passou a mirar mais do que rentabilidade. Busca, sobretudo, equilíbrio.
E é exatamente aí que uma classe de ativos tradicionais, porém historicamente restrita, ganhou protagonismo: o crédito consignado público como instrumento de investimento.
A mudança de comportamento vem acompanhada de três movimentos claros observados entre gestores, planejadores financeiros e investidores patrimoniais.
A nova disciplina da renda fixa
A primeira evidência está na própria composição das carteiras. Em vez de perseguir apostas com alto potencial, cresce a preferência por ativos com renda recorrente, retorno contratual e baixa exposição a ruídos operacionais.
A lógica é simples: para quem já construiu patrimônio, o foco não está em crescer a qualquer custo, mas em crescer com constância e previsibilidade.
“O mercado voltou a valorizar aquilo que a renda fixa entrega de melhor: estabilidade, fluxo e clareza de contrato.”
Dados recentes mostram aumento expressivo na alocação em papéis com retorno pré-definido e pagamento mensal, principalmente entre investidores que preferem controle à oscilação.
O acesso que antes era exclusivo
Até poucos anos atrás, operações de consignado público estavam restritas a grandes instituições.
Hoje, com o avanço da digitalização e o amadurecimento regulatório, investidores individuais já podem acessar esse tipo de ativo de forma direta, com a mesma estrutura usada por fundos e bancos.
O movimento tem sido facilitado por plataformas como a Peak Invest, primeira instituição financeira autorizada pelo Banco Central a abrir ao varejo a modalidade de investimento em crédito consignado com lastro público.
O crédito, concedido a servidores públicos, aposentados e pensionistas, têm como característica o desconto em folha, reduzindo significativamente o risco de inadimplência.
Planejamento com base em fluxo, não em apostas
Outro movimento claro está no reposicionamento do fluxo de caixa como protagonista da estratégia.
Investidores experientes estão priorizando aplicações com pagamentos mensais programados, que permitem reinvestimento contínuo e reduzem a necessidade de desmobilização emergenciais.
Esse comportamento, segundo especialistas, reflete a maturidade de quem busca construir um patrimônio que se sustente mesmo em ciclos mais desafiadores.
“Quando o investidor entende que a consistência supera expectativa, ele passa a olhar o retorno com outro critério. O melhor investimento nem sempre é o que mais rende em um mês, mas o que continua entregando no tempo.”
O papel do consignado público nessa composição
Formalizado por meio da Cédula de Crédito Bancário (CCB) e do Instrumento de Vinculação (IV), o investimento em consignado público possui registro no Sistema Financeiro Nacional e estrutura jurídica clara.
Ele entrega retorno mensal, rentabilidade superior à média da renda fixa e risco controlado, especialmente por estar atrelado a uma fonte pública de pagamento.
“O que esse ativo traz não é só performance. Ele traz estabilidade, transparência e a possibilidade de planejar o futuro com base em fluxo real”, conclui Chucrute.
O retorno do essencial
Enquanto parte do mercado segue voltada a apostas de curto prazo e promessas de valorização exponencial, uma outra parcela — mais silenciosa, porém mais robusta — segue reafirmando o valor da disciplina, da estrutura e do longo prazo.
Se 2025 exige cautela, os próximos anos devem exigir critério. E o investidor que entende isso agora não apenas protege o que construiu, como cria as bases para crescer com segurança, mesmo quando o mercado muda de direção.
A informação e o acesso sempre fizeram diferença. Hoje, fazem ainda mais.