A Covid-19 foi responsável por fazer um verdadeiro estrago, em praticamente todos os sentidos: na saúde, uma crise nos hospitais, milhões de infectados e milhares de mortos no mundo todo; na economia, empresas de todos os portes e segmentos sendo obrigadas a passarem pela quarentena, com suspensão das atividades físicas por um determinado tempo, gerando quedas no faturamento, reduções salariais e desemprego. E, de rebote, isto acaba trazendo impactos.
Conforme outras crises, tanto de epidemias e pandemias, quanto crises econômicas, muita coisa precisa ser mudada. Vários hábitos mudam, o comportamento do consumidor se altera e uma espécie de “filtro” faz muitas empresas ficarem pelo caminho. Só neste cenário da Covid-19, de acordo com uma pesquisa feito pelo Sebrae em abril, mais de 600 mil empresas fecharam. E a “ponta do iceberg” foram justamente os problemas relacionados à gestão financeira.
A Gestão Financeira de uma empresa
A Gestão Financeira pode ser resumida como o conjunto de ações e procedimentos administrativos que envolvem planejamento, execução, análise e controle das atividades financeira de um negócio.
O planejamento financeiro é fundamental para qualquer empresa, pois é ele quem dará as direções para onde o negócio pretende ir, ligando o financeiro ao estratégico. E em momentos de crise, como este que estamos vivendo em função do Coronavírus, o planejamento precisa estar adaptado de forma a fazer que o negócio consiga passar por este momento de dificuldade de uma forma bem mais tranquila.
Neste planejamento, é importante projetar as entradas e as saídas financeiras da empresa, em busca de um cenário de resultados positivos. Porém, não podemos parar por aí. É muito importante colocá-lo em execução e avaliar os resultados, independente do segmento ou do porte da empresa.
Nas grandes empresas, o planejamento costuma ser mais completo, envolver mais pessoas/áreas e levar mais tempo, justamente por conta da complexidade e do volume de informações. Justamente por isso, estas empresas possuem departamentos inteiramente voltados às finanças e usam sistemas bem completos. Por outro lado, os pequenos negócios, muitas vezes, deixam o planejamento de lado, já que possuem uma estrutura mais enxuta e recursos (dinheiro, tempo e pessoas) muito mais limitados, além de poderem não ter os conceitos para a execução do mesmo. Mas isto precisa ser mudado, caso você almeje um caminho mais propenso ao sucesso do seu negócio!
Mas não se desespere! Existem ferramentas e materiais específicos para auxiliar a gestão financeira dos pequenos negócios, e que, no momento de crise, podem ser ainda mais úteis:
Fluxo de caixa
O Fluxo de Caixa é o movimento de entrada e saída de recursos financeiros da empresa. Ele é uma das ferramentas mais importantes da gestão financeira, pois além de mostrar o histórico de receitas e gastos, também demonstra e projeta o futuro da empresa, na visão do regime de caixa. Ou seja, é por meio do fluxo de caixa que a empresa consegue fazer um controle das finanças e ter um bom embasamento para a tomada de decisões, ele é a conexão do planejamento com o que foi concretizado.
Negociação de dívidas
O empréstimo muitas vezes acaba aparecendo no cotidiano das empresas. Existe o crédito financiar o capital de giro, o financiamento para aquisição de máquinas e equipamentos, dentre outros. Porém, qualquer linha de crédito traz com ela os juros, e costumam ser pagas na forma de parcelas. Por isso, é importante que a empresa, caso precise de recursos, leve isto em consideração no planejamento e decida bem qual linha de crédito e de qual instituição financeira se encaixam melhor, ou busque formas de renegociar dívidas que já estejam em aberto.
E, precisando de recursos ou de melhores condições, não fique preso ou presa apenas às opções tradicionais. O Crédito Peer-to-Peer (P2P) é uma excelente modalidade, que vem crescendo no Brasil, regularizada pelo Banco Central, e que possibilita uma conexão entre pessoas físicas e empresas. As pessoas podem investir em pequenas e médias empresas, como uma forma de poder ter retornos mais interessantes do que a média do mercado (com diferentes níveis de riscos) e de diversificar a carteira, e as empresas podem tomar crédito com melhores condições. E tudo isso de maneira digital e sem burocracia.
Controle de gastos
Em momentos de crise, uma das principais ações que precisam ser feitas é um bom planejamento e controle dos gastos. Como o faturamento esperado, nestes momentos, é mais baixo, é importante olhar para os gastos e reduzir o que for possível, sem trazer impactos negativos para a marca e para a qualidade dos produtos/serviços. Para isso, tarifas bancárias podem ser reduzidas optando-se por uma conta digital e/ou plataformas de cobrança. Estas, além da possibilidade de redução de tarifas, também podem auxiliar na redução da inadimplência.
A importância da Reserva de Emergências
Crises, imprevistos e emergências ocorrem de tempos em tempos, sem que a gente espere, mas que acabam gerando muita dor de cabeça caso não tenhamos recursos. Por isso, é de extrema importância que tanto na empresa quanto nas finanças pessoais o empreendedor tenha suas reservas. Estas podem estar em aplicações, com aspecto mais conservador e de alta liquidez, de forma que estejam acessíveis nos momentos em que o indivíduo mais precise.
Pessoa Física x Pessoa Jurídica
No pequeno negócio, também é de extrema importância que as finanças dos empreendedores estejam bem separadas em relação às finanças das empresas. Contas e cartões distintos e controles financeiros são essenciais. Para o controle financeiro pessoal, além de opções mais comuns como planilhas ou o caderninho, aplicativos também são ótimas opções.
Capacitação
Seja em momentos de crise ou nos momentos de normalidade, um dos principais investimentos que um empreendedor pode fazer é na sua capacitação. Isto auxilia na otimização da gestão do negócio, nas habilidades e no aspecto das finanças pessoais e do negócio. E aproveite que muitas plataformas estão disponibilizando cursos e materiais de forma gratuita.
Iniciativas em prol dos Micro e Pequenos Negócios
De acordo com o Sebrae, as pequenas empresas representam 99% das empresas no Brasil, 27% do Produto Interno Bruto, 52% do saldo de empregos formais e 40% da massa salarial. Ou seja, representam uma parcela importantíssima da economia. Porém, neste momento, estamos vendo muitos pequenos negócios passando por um grande aperto. Pensando nisso, diversas iniciativas foram criadas para apoiar e auxiliar estes negócios. Busque conhecer estas iniciativas e usufruir daquelas que considerar mais relevantes para o seu negócio.
Escrito por Victor Barboza
Especialista em finanças e fundador da GFCriativa.